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2012 - Livro Vermelho 2013

Agarista chlorantha (Cham.) G.Don LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 30-08-2012

Criterio:

Avaliador: Eduardo Pinheiro Fernandez

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Agarista chlorantha ocorre amplamente distribuída em Campos Rupestres e Campos de Altitude associados aos Domínios Fitogeográficos Cerrado e Mata Atlântica, nos Estados de Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e possivelmente, Rio de Janeiro. Espécie bem representada em herbários, foi registrada em áreas perturbadas e também dentro dos limites de unidades de conservação (SNUC). Por esses motivos, A. chlorantha foi considerada "Menos Preocupante" (LC) quanto ao seu risco de extinção.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Agarista chlorantha (Cham.) G.Don;

Família: Ericaceae

Sinônimos:

  • > Leucothoe chorantha ;
  • > Leucothoe serrulata ;
  • > Leucothoe subcanescens ;
  • > Leucothoe chlorantha ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita na obra Gen. Hist. 3: 838. 1934 (Grela; Brussa, 2005). Conhecida popularmente como "urze-de-flor-verde" (Marques, 1975 apud Silva; Cervi, 2006).

Distribuição

A espécie é endêmica do Brasil, de ocorrência em Cerrado e Mata Atlântica, nos Estados do Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Kinoshita; Romão, 2012). Grela; Brussa (2005) afirmam que a espécie também ocorre no Uruguai. Existe também um registro de coleta da espécie para o Estado do Rio de Janeiro (Telles, E.C.C., s.n.; ESA 3992).

Ecologia

Arbusto a subarbusto (Silva; Cervi, 2006), terrícola (Kinoshita; Romão, 2012), 1,5-2 m de altura, muito ramificada desde a base, apresentando flores hermafroditas, com floração e frutificação durante o ano todos (Silva; Cervi, 2006).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica, Domínio Fitogeográfico onde a espécie se encontra distribuída, é caracterizada pela alta diversidade de espécies e pelo elevado grau de endemismo. A retirada da cobertura vegetal, visando a utilização da área para a agricultura, pastagem, extração de madeira e ocupação humana ao longo dos últimos dois séculos causou a destruição da maior parte desta região, restando hoje cerca de 7% a 8% de sua área original. Devido à ocupação urbana e agrícola, as áreas de mata estão cada vez mais isoladas umas das outras, formando pequenas ilhas de vegetação nativa. Desta forma, a maioria das espécies que vivem nesses fragmentos formam populações isoladas de outras que se situam em outros fragmentos. Para muitas espécies, a área agrícola ou urbana circundante pode significar uma barreira intransponível, o que altera de maneira irreversível o fluxo gênico entre as populações e compromete a perpetuação destas na natureza (Galindo-Leal; Câmara, 2003).

1.5 Invasive alien species (directly impacting habitat)
Detalhes A contaminação biológica por Pinus sp. na Serra do Ibitiraquire, que há poucos anos atingia apenas montanhas de menores altitudes, já é verificada em trechos mais elevados e em setores mais distantes das áreas antropizadas. Também foram encontradas outras espécies exóticas invasoras, como Lilium regale, Cortaderia selloana e Plantago australis, geralmente associadas a acampamentos (Mocochinsky; Scheer, 2008).

1.4.8 Power line
Detalhes As obras de infra-estrutura de telecomunicações ameaçam constantemente os ecossistemas em regiões montanhosas. Os problemas normalmente são agravados pelo fato de os executores das obras terem pouca ou nenhuma orientação quanto a técnicas de minimização de impactos. A instalação de uma antena de transmissão de ondas de rádio no Pico Caratuva, na Serra do Ibitiraquire, teve conseqüências desastrosas para os campos de altitude. Além da supressão da vegetação para a instalação dos equipamentos, foram abertas diversas clareiras desnecessárias. O transporte do material, feito inadequadamente por terra, gerou grandes impactos ao longo da trilha de acesso ao cume. Na mesma serra, em outra montanha, décadas após a construção de uma estrutura de telecomunicação, as conseqüências da falta de compromisso com a conservação do local ainda estão presentes. No local permanece grande quantidade de resíduos, como latões, vigas de aço e chapas metálicas, que foram literalmente descartadas em meio à vegetação (Mocochinsky; Scheer, 2008).

1.4.3 Tourism/recreation
Detalhes A conduta inadequada de pessoas em atividades recreativas vem causando impactos significativos aos campos de altitude do Paraná. Os mais comuns são o estabelecimento descontrolado de áreas de acampamento, abertura de trilhas e atalhos, uso inadequado do fogo e coleta de espécies vegetais para uso ornamental. Os impactos resultantes podem ser agravados com o estabelecimento de espécies exóticas invasoras nas áreas impactadas, que tendem a se propagar com maior vigor que a vegetação nativa em regeneração (Mocochinsky; Scheer, 2008).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Lorenz-Lemke et al. (2010) destacam aspectos da conservação dos campos de altitude do Sul. Citando Behling (2002), Behling; Pillar (2007), evidenciam que as áreas de campos de altitude do planalto Sul e Sudeste do Brasil são escassas e pequenas e estão sendo reduzidas ainda mais pelos atuais processos antropogênicos e que as maiores áreas de pastagem naturais (maior que 10.000 km²) foram substituídas por florestas de pinheiros exóticos e diversas práticas agrícolas, que são as principais ameaças à pastagem natural.

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Em Perigo" (EN) na Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

Referências

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

- KINOSHITA, L. S.; ROMÃO, G. O. Ericaceae in in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB007455>. Acesso em: 04 de Julho de 2012.

- GRELA, I. A.; BRUSSA, C. A. Novedades para la Flora del Uruguay: Nuevo Registro de Agarista (Ericaceae). Acta Botânica Brasílica, v. 19, n. 3, p. 511-514, 2005.

- SILVA, R. R.; CERVI, A. C. As Ericaceae Juss. Nativas no Estado do Paraná, Brasil. Acta Biológica Paranaense, v. 35, n. 1-2, p. 1-45, 2006.

- MENDONÇA, R. C.; FELFILI, J. M.; WALTER, B. M. T. ET AL. Flora vascular do bioma Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.(EDS.) Cerrado : Ambiente e Flora. Planaltina, DF: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados, Ministério da Agricultura e do Abastecimento, p.289-556, 1998.

- FELFILI, J. M.; SILVA JÚNIOR, M. C.; MENDONÇA, R. C. ET AL. Composição Florística da Estação Ecológicas de Águas Emendadas no Distrito Federal. Heringeriana, v. 1, n. 2, p. 25-85, 2007.

- MENINI NETO, L.; SOUZA, F. S.; ABREU, N. L. ET AL. Plantas da Serra Negra (Complexo da Mantiqueira), Minas Gerais, Brasil. Rapid Color Guide, n. 310, 2011.

- ANDRADE, B. O.; KOZERA, C.; CURCIO, G. R. ET AL. Vascular Grassland Plants of Tibagi River Spring, Ponta Grossa, Brazil. Check List, v. 7, n. 3, p. 257-262, 2011.

- ARAÚJO, F. P. DE; BARBOSA, A. A. A.; OLIVEIRA, P. U. Floral Resources and Hummingbirds on an Islands of Flooded Forest in Central Brazil. Flora, v. 206, p. 827-835, 2011.

- MARQUES, M. C. M.REITZ, P. R. Ericáceas. Parte I. 1975. 63 p.

- RAPINI, A. Embriófitas, Material Didático, 2004.

- GALINDO-LEAL, C; CÂMARA, I.G. Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. São Paulo, SP; Belo Horizonte, MG: Fundação SOS Mata Atlântica; Conservação Internacional, 2005. 472 p.

- MOCOCHINSKI, A. Y.; SCHEER, M. B. Campos de Altitude na Serra do Mar Paranaense: Aspectos Florísticos. Floresta, v. 38, n. 4, p. 625-640, 2008.

- LORENZ-LEMKE, A. P.; TOGNI, P. D. MÜDER, G.; KREIDT, R. A.; STEHMANN, J. R.SALZANO, F. M.; BONATTO,. Diversi?cation of plant species in a subtropical region of eastern South American highlands: a phylogeographic perspective on native Petunia (Solanaceae). Molecular Ecology, v. 19, p. 5240-5251, 2010.

Como citar

CNCFlora. Agarista chlorantha in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Agarista chlorantha>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 30/08/2012 - 12:48:26